Caso Djidja: polícia indicia família da ex-sinhazinha e mais 9 pessoas

10/16/2025

Cleusimar Cardoso e Ademar Cardoso, mãe e irmão da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, foram indiciados por tortura, tráfico de drogas e outros 12 crimes. O resultado das investigações do inquérito civil, que apurava o uso e a distribuição da droga ketamina, foi divulgado nesta quinta-feira (20) pela Polícia Civil do Amazonas. A apuração foi conduzida pelo delegado Cícero Túlio, do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP).

Além desse inquérito, há outro em andamento na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), que investiga as causas da morte de Djidja Cardoso, ainda classificada como “a esclarecer”. O relatório divulgado nesta quinta-feira descarta a ideia de que os investigados seriam “inimputáveis” por dependência química e aponta 11 indiciados, sendo Cleusimar e Ademar os principais. A Polícia Civil afirmou que, caso estivesse viva, Djidja também teria sido indiciada por integrar o esquema criminoso.

“Com a análise de todas as provas, principalmente das mídias dos celulares dos investigados, identificamos que Ademar seria responsável pelo crime de tortura contra Audrey (ex-namorada) e sua ex-companheira, Gabriele. Cleusimar, por sua vez, teria cometido tortura com resultado morte em relação a Djidja, no momento em que perceberam que ela se encontrava em situação de quase morte, em estágio terminal”, explicou o delegado.

A investigação também concluiu que a família Cardoso criou uma seita religiosa chamada ‘Pai, Mãe, Vida’, praticou tráfico de drogas e induziu funcionários do salão de beleza da família, Belle Femme, a consumirem ketamina e potenay — substâncias usadas como anestésico e tônico veterinário, respectivamente.

Como tudo começou


De acordo com a Polícia Civil do Amazonas, a família já fazia uso de substâncias como maconha, chás, cogumelos e drogas sintéticas, mas a ketamina entrou na rotina após Ademar morar por um período em Londres com a ex-companheira, onde teve contato com a droga. “Lá, ele passou a torturar a companheira, obrigando-a a consumir essa e outras substâncias. Após problemas com fornecedores locais, ele retornou ao Brasil, fugindo de criminosos em Londres, separou-se da ex-companheira e conheceu Audrey, que se tornou vítima desse mesmo procedimento”, explicou o delegado Cícero Túlio.

Segundo ele, a ex-namorada de Ademar, Audrey Silveira, apresentou à família um casal que já utilizava ketamina em pó, conhecida como special key. Nesse período, Cleusimar seguia os ensinamentos do livro Cartas de Cristo, utilizado pela seita familiar. “Em determinado momento, esse casal foi convidado a participar das reuniões e meditações da seita e apresentou a substância para Cleusimar, que possui amplo conhecimento em química, por sua formação na área”, disse o delegado. A partir daí, a família estudou a droga e concluiu que a aplicação injetável, por via subcutânea, permitiria usos mais prolongados. Em seguida, começaram a consumir a ketamina e a induzir funcionários do salão de beleza ao uso.

Fornecimento


As investigações mostram que a família enfrentou dificuldades para obter a droga até que o ex-namorado de Djidja, o atleta Bruno Roberto, apresentou o coach Hatus Silveira, que já utilizava substâncias veterinárias. “Segundo o inquérito, a principal função de Hatus era servir de elo entre a família e José Máximus, administrador de uma clínica veterinária que fornecia essas medicações, incluindo a substância potenay”, destacou o delegado. Durante esse período, Audrey Silveira permaneceu em situação de extremo risco, sendo mantida em cárcere privado e torturada, até ser resgatada pelo pai e levada à delegacia para registrar ocorrência.

Clínica própria


O delegado Cícero Túlio afirmou que a família planejaria abrir uma clínica veterinária e criar uma “comunidade” na zona norte de Manaus, onde o uso de ketamina seria liberado para todos os membros do grupo. “Isso afasta qualquer alegação de inimputabilidade. Eles tinham plena consciência e discernimento sobre as práticas criminosas, chegando a planejar uma clínica para facilitar o acesso às substâncias”, explicou. Até o momento, as defesas da família Cardoso e dos demais indiciados ainda não se manifestaram após a conclusão do inquérito.

Lista dos indiciados divulgada pela Polícia Civil:


Ademar Cardoso, irmão de Djidja Cardoso; Cleusimar Cardoso, mãe de Djidja Cardoso; Verônica da Costa Seixas, gerente do Belle Femme; Marlisson Vasconcelos Dantas, cabeleireiro e maquiador; Claudiele Santos da Silva, maquiadora do salão; Bruno Roberto Lima, ex-namorado de Djidja; Hatus Silveira, ex-fisiculturista; José Máximo, dono da clínica veterinária MaxVet; Savio Pereira, funcionário da clínica MaxVet; Emicley Araújo, funcionário da clínica MaxVet; e uma pessoa ainda não identificada pela polícia.

Com informações do Estadão Conteúdo

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